Fontes e arquivos para a história da educação: Circulares e Boletins da Igreja Positivista do Brasil (1881-1927)

João Carlos da Silva/ UNIOESTE, Cascavel, PR.
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RESUMOEstudo articulado ao Grupo de pesquisa HISTEDBR/UNICAMP–GT Cascavel, como parte dos estudos no doutorado, tendo como objeto a concepção de educação do Apostolado positivista no Brasil. O acervo da Igreja Positivista do Brasil, no Rio de Janeiro, ainda que de preservação precária, de difícil acesso e manuseio dado seu estado de conservação, abriga um vasto acervo de documentos, como registro importante sobre a plataforma política de Miguel Lemos (1854-1917) e Teixeira Mendes (1855–1927), dirigentes do Apostolado positivista. Nelas, estão registradas visão ortodoxa dos positivistas. Pretendemos compreender o ideário educacional da Igreja Positivista no Brasil. Partimos de algumas categorias históricas como história e ideologia, mas destacamos as formuladas por Marx & Engels. Delimitaremos o período entre 1881 a 1927, correspondente ao ano de fundação efetiva da Igreja Positivista do Brasil, bem como da morte de Teixeira Mendes, fase mais intensa de suas atividades. A metodologia adotada está alicerçada numa pesquisa histórica, sedimentada em fontes primárias impressas e publicadas pela Igreja Positivista do Brasil, como boletins e folhetos. Essas fontes foram também localizadas, no Rio de Janeiro, no Museu da República, Biblioteca Nacional, CPDOC/FGV e Arquivo nacional. As circulares Anuais do Apostolado Positivista do Brasil se caracterizavam como órgão informativo da Igreja Positivista, dirigidas aos cooperadores do subsídio, sendo um dos fundos na manutenção e funcionamento da Igreja. A primeira Circular data de 1881, assinada por Miguel Lemos. Era recorrente nestas circulares a divulgação dos princípios do Apostolado e das bases de organização da Igreja Positivista, acompanhadas por uma análise de conjuntura econômica e política. Os boletins, diferentemente das Circulares eram publicados sempre que algum assunto tornasse importante sua elaboração e divulgação, não havendo, portanto, uma periodicidade. Tinha entre seus objetivos principais manter os laços entre diretores da Igreja e seus seguidores, especialmente junto aos contribuintes. Foram encontrados sete exemplares do ano de 1938 e três exemplares de 1939. Sua primeira edição é de 1938, fundado e dirigido por Nelson Nogueira. Examinando tais fontes, verificamos que reformar as instituições políticas foi uma das principais bandeiras dos positivistas, cabendo à educação a tarefa de auxiliar a formação de novos hábitos, da mente e do caráter, disseminando novos padrões morais e intelectuais, visando à construção de uma unidade nacional em torno do projeto republicano. Percebemos que a defesa de uma educação pública, com a presença marcante da mulher, estava direcionada para a instalação de uma ordem livre, cujo conteúdo estava carregado pela formação moral. A mãe devia ser o primeiro agente a educar os futuros cidadãos, ensinando hábitos de boa conduta e higiene. Entendiam que as grandes transformações sociais devem operar pacificamente a partir de uma política da paz. A educação é eminentemente uma ação político-ideológica com a função de regeneração do homem e a sociedade calcada em uma ampla reforma das instituições.